"Os gatos sabem como obter comida sem esforço, abrigo sem confinamento e amor sem castigo."
(W.L.George)

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[sexta-feira, junho 30, 2006]

Instinto Altruísta

Eu sempre tive gatas e, a despeito das recomendações veterinárias, nunca castrei antes de deixá-las dar ao menos uma cria. Acho que é parte essencial da natureza feminina ser mãe. Quando a gata não dá nenhuma cria, fica meio louca. Quando isso acontece por fatores naturais, é bem provável que ela adote algum filhote de outra gata que dê cria por perto, ou até adote outro animal. O instinto é mais forte que a espécie, raça ou tamanho. É a Natureza, e Ela é mais forte que tudo. O primeiro parto que acompanhei foi da Chu, como já contei num texto anterior. Mas tive também a Derri, sua filha. E Derri também deu cria.

Uma das coisas interessantes que acontece com as gatas quando são mamães é que seu instinto caçador fica muito mais aguçado. As fêmeas, ao menos é o que observei dos gatos que tive, são naturalmente mais predadoras que os machos. Mas quando têm filhotes isso fica evidente. Lembro de uma vez que a Chu estava comendo, cercada pela sua última cria, num cantinho da cozinha da casa de mi madre, e todos os gatinhos correram para baixo da geladeira. Eu estranhei e fui ver o que eles estavam fazendo ali. Foi quando encontrei uma nojenta e IMENSA cabeça de rato. Só a cabeça... O resto a Chu deve ter comido e dado para os filhotes comerem. Fiquei um pouco indignada, afinal meu quintal não tinha ratos, o que indicava que ela tinha trazido da rua e eu a alimentava com a melhor ração, além de também deixar ração de filhotes disponível (que ela comia sem cerimônias) e leite. Mas não se pode brigar contra a Natureza, e apenas joguei aquela cabeça nojenta no lixo, sem que ela visse.

Lembro também de uma manhã em que a Derri, que parecia um ovo de páscoa de tão graúda que ficou na primeira e única gestação, estava deitada entre minhas pernas, na cama; como se esperasse eu acordar. Eu acordei meio sonolenta e vi uma coisa preta no meu edredom, a princípio achei que ela tinha começado a parir, mas quando olhei direito, era o cadáver de um morcego... Levei um baita susto, mas entendi que ela queria *ajudar* na comida de casa, e tinha trazido o morcego como um *presente* pra mim. Que amorzinho, não? Não briguei com ela, apenas pequei o morcego e levei pro quintal. Ela continuou na minha cama, então, sem ela ver, joguei no lixo.

Recomendo que quando um bichano trouxer pra dentro de casa uma presa abatida tenham paciência, não briguem, e não o deixem ver que você jogou no lixo. Gatos raramente querem *ajudar* com a comida da casa, mas quando o fazem, querem gratidão. Se você jogar fora, vai magoar o bichano e, invariavelmente, ele vai achar que não agradou com aquela caça e trará outra... Pois é, eu aprendi isso com meu primeiro gato, o Bel. Toda vez que ele matava um pardal e trazia pra dentro de casa, eu gritava horrorizada e até dava uns tapas nele pela crueldade. Bem, eu tinha uns 12 anos e nenhuma experiência com os bichanos, vamos perdoar... E achava que o gato era um serial killer, pois ele trazia pra dentro de casa pelo menos um bicho por semana. Foi quando eu li num livro sobre gatos a respeito desse tipo de comportamento generoso deles. Quando eu parei de dar escândalo e jogar os passarinhos fora na frente dele, ele parou de matá-los e trazer para casa...



por Lia Drumond * 3:59 da tarde


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[segunda-feira, junho 12, 2006]

Prometeu, o Rei do Scanner.

Prometeu foi o gato que mais companheiro se mostrou em meus dias. Achava engraçado como ele conseguia com tamanha facilidade correr trançando nas minhas pernas sem que eu o pisasse ainda que a passos ligeiros. Lia comigo, se eu abria uma revista ou livro logo se abancava ele por cima das letras, colocava a patinha, a cabeça ou até, aliás, pricipalmente, a bunda. Ele tinha uma personalidade exacerbada. E era realmente um guarda-costas, um legítimo guardião de meus passos.

Com seu pêlo absolutamente negro e olhos cor de caramelo me vigiava dia e noite e não me deixava sentir só um único minuto, com seu miado discreto ao longo do dia e escandaloso quando exigia atenção (o que era raro, pois era muito cheio de si, não era do tipo carente). Saía pelos telhados quando o sol se despedia. E eu permitia sem resistências, afinal ele não era meu gato, minha propriedade, era sim meu amigo, e eu não tinha autoridade sobre ele, e nem queria tê-lo.

Ele já estava por ali quando cheguei naquela casa, já era dono daqueles telhados, tinha seus caminhos e suas fontes, suas namoradas e seus "restaurantes". Ele me elegera com o tempo para seu amigo mas definitivamente não precisava nem dependia de mim para absolutamente nada. E eu o admirava e respeitava por isso.

Não poucas vezes chegava mancando e sarrabuiado das "festinhas" noturnas, com um dos olhinhos apertados. Mas logo tava novinho em folha, pronto para outra aventura, este era Prometeu. Um gato malandro e cheio de marra. Um grande amigo daqueles dias. Certo dia me mudei e ele não quis vir comigo. Meu coração apertou, mas Prometeu era dono de seu negro nariz e eu respeitei.

As despedidas são sempre significativas para os que se gostam, esta foi uma despedidade difícil e que guardo com reverência e valor. Eu sei, por seu miado e olhares, que entendeu o que estava acontecendo e também ficou triste.


Lembro ainda... ele dorava uma mussarela e beber água do meu copo, se eu me destraísse estava ele lá matando a sede na minha taça e fazia do meu scanner seu trono.
Todas as vezes que vou escanear algo, seja aonde for, paresse que ainda escuto, assim ainda que de longe, seu resmundo de quando o desalojava de seu canto favorito, meu scanner.
Sim, eu me lembro.

Prometeu, fica bem.



por Ôbèron * 3:09 da tarde


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[sexta-feira, junho 02, 2006]

Filhotes

Gatos filhotes são criaturas ingênuas e masoquistas. Não têm nem um pingo da majestade que apresentam na idade adulta. Geralmente são até feios, com orelhas enormes e cabeças pequenas, magrelos e alguns dos que pegamos das ruas parecem que saíram do inferno mesmo. Geralmente são assustados, escondem-se de tudo em qualquer lugar. São carentes e procuram qualquer lugar quentinho pra dormir, mesmo que esse lugar seja em cima da sua cabeça, no seu pescoço ou dentro do motor da geladeira.

Assim é a Raiona Liona, minha atual companheira de aventuras que trouxemos de Ubatuba pra Sampa. E ela veio durante toda a viagem no maior sossego, no meu colo, no final de um feriado prolongado. Quando meu namorado me deixou no meu apartamento e foi sozinho com a gata para a casa dele, ela o batizou e ao seu carro com uma bela diarréia assim que saíram do estacionamento do meu condomínio. E no fim de semana seguinte havia outro feriado prolongado, resolvemos levar a gata junto para não deixá-la sozinha por três dias. A viagem de ida e volta foi tranqüila, até que ele me deixou de novo no meu prédio e a batizada se repetiu. Quando ele me contou, eu rolava de dar risada, mas aposto que se fosse comigo eu não acharia a menor graça.

A Raiona era um pedaço cor de laranja de carência e magreza. Quando a levamos para dentro da casa de praia, não tínhamos nada que servisse pra ela comer, apenas nozinho de queijo na geladeira. Foi o que eu ofereci e ela comeu como se fosse carne crua e fresca. Fomos comprar ração e ela ficou com a gente. Está conosco ainda e conforme ela cresce se torna cada vez mais altiva, mais fresca e mais gata. Continua muito carinhosa e carente, talvez pelo fato de trabalharmos o dia inteiro e ela ficar sozinha.

Datinha é uma gatinha preta que mi madre pegou para fazer companhia para o Koji desde que roubaram a Derri. Filhotinha de tudo, bem pequena, cara de morcego, orelhas enormes, magrela, assustada e muito carente. E não desgruda do meu sobrinho de dois anos. Talvez pelo fato de que ele cheire a leite e biscoito, talvez porque o mau gosto impere. Ele judia dela, chuta, aperta, amassa, beija, morde. E ela continua o seguindo pra todo lado. Dizem que os gatos enxergam a aura das pessoas, como a tal terceira visão que os lamas tibetanos afirmam ter. Vai ver que é isso, ela enxerga o quanto ele é especial...



por Lia Drumond * 3:38 da tarde


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