"Os gatos sabem como obter comida sem esforço, abrigo sem confinamento e amor sem castigo."
(W.L.George)

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[segunda-feira, abril 24, 2006]

O Bonito Esculápio

Vou contar uma história que poderia ser sombria se eu desse ouvido aos ignorantes que disseminam pelo mundo as crendices, os preconceitos e as superstições. Era uma sexta-feira 13. E ele entra pela porta da sala com um presente no bolso da jaqueta. Preto, feio de doer. Orelhas enormes, magrelo, cheio de remelas... Eu me apaixonei. Meu primeiro gato preto, ganhado numa sexta-feira 13. Foi pura sorte!

Como sempre A-D-O-R-E-I nomes diferentes, batizei esse bichano de Esculápio. Claro que ele não gostou do nome e não atendia nem por decreto. Cresceu e escolheu o próprio nome: ele só olhava quando chamávamos de BONITO! E ficou, o Bonito Esculápio. Cresceu e ficou lindo, um pretão com estilo de pantera. Era o típico vira-lata, vivia na gandaia noturna, sempre voltava com um teco a menos da ponta da orelha, trazia amigos pro nosso quintal, caçava os passarinhos filhotinhos que caíam das árvores vizinhas, comia insetos nojentos, marcava território... Era um típico gato saudável.

Preferia minha mãe. Talvez porque o carinho dela era mais calmo, talvez por ela não mordê-lo nem apertá-lo como eu fazia. Ele amava a minha mãe. E aí de quem estivesse perto dela quando ela gritava ?Ai!?. O Bonito descia o dente sem dó. E ele era cheio de truques que enchiam nosso cotidiano de risadas. Tinha mania de se esconder num pequeno jardim, que ficava ao lado do corredor de entrada, e quando alguém passava por ali de noite, ele pulava nas pernas do infeliz para dar um susto. E minha tia-avó, idosa, religiosa e fã de passarinhos; era sua vítima favorita. Era sádico, porém irresistível assistir tal cena.

E ele seguiu vivendo uma vida muito boa, apesar dos arranhões. Até que um dia, uma enorme tragédia aconteceu. Digo enorme por que perto dele, ela era muito grande mesmo. Minha tia, que é gorda, pisou, sem querer, na pata dianteira dele. Esmagou. Nessa época eu estava casada e não morava com minha mãe. Apesar de ter tentado levá-lo para meu novo lar, ele preferiu ficar com minha mãe e eu o deixei, então, na casa dela. Mas o machucado o trouxe para meus cuidados novamente. Minha mãe não tinha tempo nem frieza para cuidar da pata do bichano. Eu cuidava. Ouvia-o chorar de dor a cada sessão de banhos para desinchar o ferimento.

Cuidei, levava duas vezes ao dia na veterinária, medicava e tentava fazer com que ele se tornasse amigo dos gatos dessa nova casa: o Capitão e o Morango. Não tinha jeito. O Bonitão era um negão invocado e não queria saber de dividir nada. Ele estava acostumado a ser O Gato da casa. E lá ele não era o dono do território. Sentia-se assustado e irritado. Estava com uma atadura na pata e faltavam apenas dois dias para tirá-la e ele voltar para a casa de minha mãe, sua casa. Desapareceu. Acho que devia estar forte o suficiente, desapareceu. Não voltou pra casa da minha mãe (a distância não era tão grande), não voltou para a minha casa. Apesar de vários cartazes oferecendo recompensa pelo gato, quem nota um gato preto no meio da rua?

Quando penso no Bonito, acredito que ele se transformou em noite. Seus pelos viraram brisas úmidas que carregam cheiro de Damas da Noite, seu olhar se transformou em luz de lua cheia, sua agilidade se transformou na inconstância que o desconhecido noturno planta no nosso coração. Ele ainda tem muitas vidas pra viver...



por Lia Drumond * 2:12 da tarde


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[terça-feira, abril 18, 2006]

Pelos telhados

O relógio marca três copos e meio de vinho da madrugada e a garoa cai pesada em Sampa enfim. Enquanto todos se encapotam embaixo de seus edredons eu abro a janela para receber de peito aberto o vento frio que raja feliz casa adentro.
Pela paisagem negra que brota pela janela posso ver um vulto elegante caminhando pelo telhado do vizinho.
Atraído por aquele andar cheio de garbo levanto-me, girafo a cabeça pra fora da casa e ainda o vejo. Olhos verdes, pelo tigrado, purpurinado pelas gotas da garoa paulistana.
Ele mira para mim como quem me dá boa noite, no fear, soberano. É magnífico espécime de felino tigrado. Largo o roteiro que faço pulo a janela dos fundo, jump, e impensadamente subo no muro e caminho atrás dele. Ah, os felinos me enfeitiçam. Vou subindo o telhado de minha casa, ele não se intinida, não aperta o caminhar.
Perseguição.
Um telhado do vizinho, dois muros, um pastor-alemão latindo abaixo, uma laje, mais uma laje, uma janela entreaberta me observando assustada e eu já estou vendo o brilho de seus luminosos olhos again.
Ele sobre numa caixa-d'água, virasse e me olha. Vou aproximando, ele é tão parecido com o Sartre, gato que tivera na adolescência. Dois passos e eu o tocaria. Mas não. Sentei-me, fiquei observando-o, e ele a mim. Numa conversa silenciosa, de olhos. Dificil de comprender é para quem não os admira.
Terça-feira, 18 de abril, o ano é 2006 da malfadada era Cristã, é madrugada e garoa forte, e eu estou sentado na laje de alguém conversando com um gato tigrado que está me observando do alto de uma caixa d'água.... ... Normal, até corriqueiro, eu diria.
Só queria demostrar minha admiração por ele, digo isso com os olhos, acho que me entende....ou não.
Duas lajes, cachorro, muro, telhado e eu estou de volta pulando minha janela, feliz, molequice, sento na cadeira, ligo o monitor e.... bem, olho para a janela, e lá está ele. Me observando, me decifrando. Invadi seu mundo e agora ele vem invadir o meu, parece justo.
Num salto só some na garoa. Serguey Bubbka.
Ele me entendeu, e eu o compreendendo....
...ou não.
Felinos, sim, são bichos enigmáticos e magníficos.
tão enigmáticos que são magníficos,
tão magníficos que nos são enigmáticos.



por Ôbèron * 11:47 da manhã


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[terça-feira, abril 11, 2006]

Meu primeiro amor felino


Eu estava no início da fase mais complicada e mais bonita da vida. Para chamar a atenção da minha mãe que, na minha cabeça, gostava mais do meu irmão, tinha cortado o pulso esquerdo e tomado veneno. Eu não queria morrer, só queria que ela acreditasse que eu queria. Queria fazê-la sofrer. Freud explica que magoamos quem mais amamos quando estamos formando nossa personalidade. Talvez tenha sido isso. Talvez tenha apenas sido uma maneira desesperada de chamar atenção para o meu ciúme, para a minha necessidade de ter alguém que eu amasse por perto.

Fiquei uns dias na casa de uma tia. Lá, meu primo, que tinha sido meu melhor amigo por toda a infância, estava na mesma fase difícil de crescimento. Eu estava muito sozinha. Quando voltei pra casa, uma surpresa que me curou pra sempre: BEL. Um filhote todo cinza, de olhos verdes, com coleira e guia. Miava, miava... Queria brincar, queria que o soltassem. E foi a primeira coisa que fiz. Foi amor à primeira vista. Quando soltei sua coleira da guia e o peguei no colo percebi que nunca mais me sentiria sozinha. Acreditei que tinha ganhado meu melhor amigo.

Ele cresceu muito, ficou uma bola de pêlos. Era o dono da casa. Morávamso só eu, minha mãe e o meu irmão. A mesa de jantar tinha quatro lugares e o Bel sempre ocupava o que estava vazio. Não subia na mesa, nem pedia comida. Apenas acompanhava nossa refeição. Chorava alto quando ouvia o som agudo de algum instrumento de sopro. Geralmente mordia alguém, de leve, quando isso acontecia. Dormia comigo. Melhor dizendo, dormia em cima de mim. Na época eu tinha o peito reto como o de um menino, e o Bel deitava ali, com a cabeça apoiada na minha bochecha e ronronava muito feliz. E eu me sentia feliz por isso.

Certo dia ele sumiu. Mais de um mês sem aparecer, nem notícias... Já tínhamos perdido as esperanças quando ele aparece miando pelo quintal, sem sinal de machucado, sem um grama a menos. Concluí que ele tinha sido raptado, mas conseguiu fugir r voltar para meus braços... Hoje penso que ele deve ter achado dono mais bonzinho, ou uma fêmea que morava longe... Especialista em abrir o vitreaux e fugir pra rua, Bel era um felino caçador adormecido. Não pegava nem barata. Era manso demais pra fazer qualquer esforço que não fosse chegar até a ração. E assim foi por quase três anos, até que um envenenador o levou de mim. E hoje ele está no céu de Bast.



por Lia Drumond * 4:51 da tarde


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Bem, eu comecei este espaço para falar de uma das minhas maiores paixões: os felinos. E este espaço eu dividirei com vários outros amigos que, como eu, são fãs dos animais mais bonitos do mundo. Quem ama gato tem a impressão que qualquer felino é gato. E, quando observa os grandes felinos, vê um pouco do seu bichano ali, naquele ser que, apesar de selvagem, mantém o ar aristogático e misterioso. Só quem já criou um gato sabe do que eu estou falando. Geralmente as pessoas que afirmam odiar gatos são aquelas que NUNCA tiveram a oportunidade de criar um consigo. E os apaixonados pelos bichanos poderão se divertir e se identificar com as histórias que aparecerão por aqui. Até mais!



por Lia Drumond * 2:18 da tarde


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